quarta-feira, 24 de abril de 2013

Prosper de Aquitaine (390-455): Cristo Morreu Por Todos os Pecadores






Portanto não pode haver razão para duvidar que Jesus Cristo, nosso Senhor, morreu pelos incrédulos e pelos pecadores. [140] Se houvesse alguém que não pertencesse a esses, então Cristo não teria morrido por todos. Mas Ele morreu por todos os homens sem exceção. Não há um, portanto, em toda a humanidade que não era, antes da reconciliação que Cristo realizou em Seu sangue, ou um pecador ou um incrédulo. O apóstolo diz:


 “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”. [141]


O mesmo apóstolo diz na sua Segunda Epístola aos Coríntios:

“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. [142] 

E ouçamos o que ele diz de si mesmo:

“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. [143]

Portanto, o todo da humanidade, quer circuncidada ou não, estava sobre o domínio do pecado, em grilhões por causa dessa mesma culpa. Nenhum dos ímpios, que diferem [uns dos outros] somente em grau de incredulidade, poderiam ser salvos sem a Redenção de Cristo. Esta Redenção se espalha por todo o mundo para tornar-se as boas novas para todos os homens sem qualquer distinção.

De fato, no quinquagésimo dia depois da festa pascoal na qual o verdadeiro Cordeiro ofereceu a Si mesmo como uma vítima para Deus, quando os apóstolos e aqueles que eram de um mesma mente com eles foram cheios com o Espírito Santo e, falaram as línguas de todas as nações, uma multidão de pessoas de diferentes raças, agitadas pelo milagre, afluíram juntos, e neles o mundo todo foi ouvir o Evangelho de Cristo. Estavam, então, reunidos “partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto e Ásia, e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes”[144], todos os quais ouviram as maravilhosas obras de Deus pregadas em suas próprias línguas. Seu testemunho foi espalhado longa e amplamente também para as mais distantes nações. Nós cremos que a Providência de Deus tem desejou a expansão do Império Romano como uma preparação para Seu desígnio sobre as nações, que era chamá-las para a unidade do Corpo de Cristo: Ele primeiro os reuniu sobre a autoridade de um império. [145]

Mas a graça do cristianismo não é contida com os limites que Roma é contida. A graça agora submete ao cetro da Cruz de Cristo muitos povos que Roma não poderia sujeitar com suas tropas; entretanto Roma por sua primazia do sacerdócio apostólico tornou-se maior como a cidadela da religião do que como sede do poder. [146]


Notas dos Editores:


[140] Os semi-pelagianos erroneamente concluíram dos ensinos de Agostinho sobre predestinação que Cristo não morreu por todos os homens, mas somente pelos predestinados. Cf. resposta de Prosper em Resp. cap. Vincent. 1 e Resp. cap. Gall. 9. 

 [141] Rom. 5.6-10. 

[142] 2 Cor. 5. 14 f. 

[143] 1 Tim. 1. 15f.

 [144] Acts 2.9-11.

 [145] Uma providencial preparação do Império Romano para a expansão do Cristianismo é a bem conhecida idéia de São Leo, Serm. 82. 2: Ut autem huius inenarrabilis gratiae per totum mundum diffunderetur effectus, Romanum regnum divina providentla praeparavit.' O paralelismo foi naturalmente apontado por Quesnel (ML 55. 353. 3). A idéia em si foi desenvolvida muito antes cf. Origen, Contra Cels. 2.30. 

 [146] Quae tamen per apostoliti sacerdotii prindpatum amplior facta est arce religionis, quam solio potestatis. Gf. Carm. de ingr. 40-42; Leo, Serm. 82. 1 

Prosper of Aquitaine, The Call of All Nations. Ancient Christian Writters. (London, LONGMANS, GREEN AND CO., 1952), 118-120.

Obs do blog: As citações bíblicas foram retiradas da Bíblia Almeida Corrigida e Revisada Fiel

2 comentários:

  1. Caríssimo, creio que realmente Cristo morreu por todos os homens, por que todos pecaram. Isto, porém, não invalida a a Doutrina da Eleição. A morte de Cristo é suficiente para todos os homens, mas é eficiente APENAS para os eleitos.

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    1. Prezado Reverendo, concordo plenamente com isso. Essa também era a opinião de Prosper, discípulo de Agostinho. Agradeço por ter passado por aqui. Deus o abençoe ricamente!

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