sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Zacarias Ursino (1534-1583): As Causas do Pecado - Divina Permissão do Pecado

H. Quais foram as causas do primeiro pecado?

O primeiro pecado do homem teve a sua origem, não em Deus, mas ocorreu pela instigação do diabo, e pelo livre arbítrio do homem. O diabo tentou o homem para que este se afastasse de Deus; e o homem, cedendo a essa tentação, por vontade própria, se separou de Deus. E embora Deus tenha deixado o homem por si mesmo nesta tentação, ainda assim Ele não é a causa da queda, do pecado, ou da destruição do homem; porque, nessa deserção, ele nem concebeu, nem realizou qualquer uma dessas coisas. Ele meramente colocou o homem em prova, para demonstrar que ele é totalmente incapaz de fazer, ou manter alguma coisa que seja boa, se não for preservado e controlado pelo Espírito Santo; e com isso (sua prova), Deus, em seu julgamento justo, permitiu que o pecado do homem viesse a ocorrer.

A sabedoria do homem raciocina e conclui de forma diferente, como é evidente, da objeção que muitas vezes ouvimos:

“Aquele que retém essa graça, na hora da tentação, sem a qual não é possível evitar uma queda, é a causa da queda . Mas Deus reteve sua graça do homem na prova, a qual ele foi chamado para enfrentar, de forma que o homem não poderia deixar de cair. Portanto, Deus era a causa da queda do homem”.

Resposta:


A proposição principal é verdadeira somente para aquele que retém a graça, quando é obrigado a não retê-la; para aquele que a toma de quem é desejoso da mesma e não a rejeita voluntariamente; e para aquele que a retém por maldade. 

Mas não é verdadeira para aquele que não é obrigado a preservar a graça dada inicialmente; e para aquele que não a retira daquele que a deseja, mas somente daquele que está desejoso por, sua própria conta, rejeitar a graça que é oferecida a ele; e para aquele que a retém, não devido a inveja pela justiça e vida eterna do pecador, mas para poder colocar em prova a quem Ele comunicou a sua graça. 

Aquele que assim abandona, não é a causa do pecado, embora isso necessariamente tenha se seguido dessa deserção e retenção de graça. E na medida em que Deus reteve sua graça do homem no tempo de sua tentação (não da primeira forma, mas da última que acabamos de descrever), Ele não foi a causa do seu pecado e destruição; apenas o homem foi culpado por intencionalmente rejeitar a graça de Deus.

E isso é mais uma vez objetado pelos homens de mente carnal:

“Aquele que quer tentar alguém, quando certamente sabe que falhará se for tentado, obtém o pecado daquele que cai. Deus quis que o homem fosse tentado pelo diabo, quando sabia que ele certamente cairia; pois se ele não tivesse desejado isso, o homem não poderia ter sido tentado. Portanto, Deus é a causa da queda”.

Resposta: 

Nós negamos a principal, se ela for compreendida em sua forma crua e simples, pois não é a causa do pecado, quem deseja que aquele que pode cair fosse tentado com a finalidade de ser posto em prova, e para a manifestação da fraqueza da criatura, o qual foi o sentido no qual Deus tentou o homem. Mas o demônio tentou o homem, com o desígnio de que ele pecasse, e fosse separado de Deus; e o homem, de sua livre vontade, cedeu a essa tentação em oposição ao mandamento de Deus; O demônio e o homem, ambos, são a causa do pecado, do qual falaremos mais adiante.

Fonte:   Zacharias Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heidelberg Catechism, trans., by G.W.Willard, (Columbus:  Scott & Bascom, Printers, 1852), pg 34.

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