quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Segunda Confisão Helvética: A Divina Permissão do Pecado

Deus não é o autor do pecado; e até onde se pode dizer que ele endurece. Está claramente escrito: 

“Tu não és Deus que se agrade com a iniqüidade. Aborreces a todos que praticam iniqüidade.   Tu destróis os que proferem mentira” (Sal 5.4 ss). 

E de novo: 

“Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8.44). 

Além disso, há em nós suficiente pecado e corrupção, não sendo necessário que Deus em nós infunda uma nova e ainda maior depravação. Quando, portanto, se diz nas Escrituras que Deus endurece, cega e entrega a uma disposição réproba de mente, deve-se entender que Deus o faz mediante um justo juízo, como um Juiz Vingador e justo. 

Finalmente, sempre que na Escritura se diz ou parece que Deus faz algo mal, não se diz, por isso, que o homem não pratique o mal, mas que Deus o permite e não o impede, segundo o seu justo juízo, que poderia impedi-lo se o quisesse, ou porque ele transforma o mal do homem em bem, como fez no caso do pecado dos irmãos de José, ou porque ele próprio controla os pecados, para que não irrompam e grassem mais largamente do que convém. Santo Agostinho escreve em seu Enchiridion: 


“De modo admirável e inexplicável não se faz além da sua vontade aquilo que contra a sua vontade faz. Pois não se faria, se ele não o permitisse. E, no entanto, ele não o permite contra a vontade, mas voluntariamente. O bom não permitiria que se fizesse o mal, a não ser que, sendo onipotente, pudesse do mal fazer o bem”. 

É isso o que ele diz.

Questões curiosas. As demais questões - tais como, se Deus quis que Adão caísse, ou se o incitou à queda, ou por que não impediu a queda e outras semelhantes - nós as reconhecemos como curiosas (salvo, talvez, se a impiedade dos heréticos ou de outros homens grosseiros nos leve a explicá-las também, com base na Palavra de Deus, como freqüentemente o fizeram os piedosos doutores da Igreja), sabendo que o Senhor proibiu o homem de comer do fruto proibido e puniu sua transgressão. Sabemos também que as coisas que se fazem não são más com respeito à providência, à vontade e ao poder de Deus, mas com respeito a Satanás e à nossa vontade que se opõe à vontade de Deus. 

Fonte:  http://www.teuministerio.com.br/BRSPIGBSDCMCMC/vsItemDisplay.dsp&objectID=D0A4B2FA-BC65-4EFE-8EAFD46869C347FE&method=display. 
Obs:  A ressaltação em negrito não é original do texto.  O texto foi reformatado.
Indicado por http://calvinandcalvinism.com/?p=2526