quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Heinrich Bullinger (1504–1575): Sobre Expiação Universal e Redenção Universal




Fontes Secundárias Clássicas 


1) Kimedoncius:

"Bullinger, Gualther, Musculus e outros são citados, e as confissões de uma ou duas Igrejas em Helvetia, a partir de quem são diligentemente elaboradas esse tipo de declaração:  "Cristo, tanto quanto está Nele, é um Salvador de todos, e veio para salvar a todos. [Bulling. Ser. 2. de Nativit. Chri.]. Porque Ele agradou a Deus pelo sacrifício de todos os pecados de todos os tempos [o mesmo em 1 João 1.]. Porque sua paixão deve satisfazer pelos pecados de todos os homens, e porque o mundo todo é vivificado pelo mesmo [Catech. minore Eccl. Tigur.]. Porque a graça da remissão dos pecados é designada para todos os homens mortais [Musc. in locis de remiss. p.q.2]", e coisas semelhantes."

"A estes, eu respondo, que seja como for, e em que sentido aqueles escritores proferiram esses discursos e outros semelhantes, é certo que eles não eram da opinião adversária, de que, efetivamente e de fato, todos, sem exceção de ninguém e sem qualquer diferença entre crentes e descrentes, são recebidos na graça, e feitos participantes da remissão dos pecados, justiça e salvação em Cristo."  Jacob Kimedoncius, The Redemption of Mankind: Three Books: Wherein the Controversy of the Universality of the Redemption and Grace by Christ, and his Death for All Men, is Largely Handled, trans., by Hugh Ince, (London: Imprinted by Felix Kingston, 1598), 143-144.

2) Davenant:

"Assim também Bullinger, sobre Apocalipse 5 Sermão 28: “O Senhor morreu por todos, mas nem todos são feitos participantes da redenção, e isso por meio de sua própria culpa. Por outro lado, o Senhor não exclui ninguém, a não ser aquele que exclui a si mesmo por sua própria incredulidade e infidelidade." John Davenant, Dissertation on the Death of Christ, 337-338.


Fontes Secundárias Modernas


1) Richard A Muller


"Claras declarações de universalismo hipotético não-especulativo podem ser encontradas (como Davenant reconheceu) em Heinrich Bullinger’s Decades and commentary on the Apocalypse, em Wolfgang Musculus’ Loci communes, em Ursinus’ catechetical lectures, e em  Zanchi’s Tractatus de praedestinatione sanctorum, entre outros lugares . Além disso, os Cânones de Dort, ao afirmarem a distinção padrão da suficiência da morte de Cristo por todos e sua eficiência para os eleitos, realmente deteve a canonização ou da primitiva forma de universalismo hipotético ou da suposição de que a suficiência de Cristo só serve para deixar o não-eleitos sem desculpas."

"Apesar de Moore poder citar declarações da conferência York que Dort "ou abertamente ou dissimuladamente negou a universalidade da redenção do homem" (156), é certo que vários dos signatários dos Cânones foram universalistas hipotéticos - não só a delegação inglesa (Carleton, Davenant , Ward, Goad, e Hall), mas também a [sic] alguns dos delegados de Bremen e Nassau (Martinus, Crocius e Alsted) - e que Carleton e outros delegados continuaram a afirmar a pontos doutrinais de Dort, enquanto se distanciavam da disciplina da Igreja da Confissão Belga, e que no decurso do debate do século XVII até mesmo os amyraldianos foram capazes de afirmar que seus ensinamentos não eram contrários aos Cânones. Em outras palavras, a não-especulativa e não-amyraldiana forma de universalismo hipotético não era uma novidade décadas depois de Dort nem um “amolecimento” da tradição. As posições de Davenant, Ussher, Preston seguiam de uma residente trajetória longamente reconhecida como ortodoxa entre os Reformados."  English Hypothetical Universalism: John Preston and the Softening of Reformed Theology, by Jonathan D. Moore. Reviewed by Richard A Muller, Calvin Theological Journal, 43 (2008), 149-150.

2) G. Michael Thomas

"O Senhor fez com que fossem colocados sobre Ele, como um sacrifício expiatório, não um ou outro, ou mais pecados, de um ou outro homem, mas todas as iniqüidades de todos nós. Portanto eu digo: os pecados de todos os homens do mundo, de todas as eras, foram expiados pela Sua morte." Bullinger, Isaiah, 266b, sermon 151; cited by G. Michael Thomas, The Extent of the Atonement: A dilemma for Reformed Theology from Calvin to the Consensus, 1536- 1675 (Carlisle, Cumbria: Paternoster, 1997), 75.


Fontes Primárias:


Declarações Confessionais


Na Segunda Confissão Helvética:


1) Jesus Cristo é o único Salvador do Mundo e o verdadeiro Messias esperado. Porque nós ensinamos e cremos que Jesus Cristo, nosso Senhor, é o único e eterno Salvador da raça humana e, portanto, de todo o mundo, em quem pela fé são salvos todos aqueles que antes da Lei, sob a Lei e sob o Evangelho foram salvos e, em quem, no entanto, muitos serão salvos até o fim do mundo. Porque o mesmo Senhor diz no Evangelho: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas sobe por outra parte, esse homem é um ladrão e salteador ... Eu sou a porta das ovelhas (João 10:1 e 7) .

E também em outro lugar no mesmo Evangelho diz: “Abraão viu o meu dia e se alegrou” (cap. 8:56). O apóstolo Pedro também diz: “Não há salvação em nenhum outro, pois não há outro nome debaixo do céu dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. Portanto, cremos que seremos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, como nossos pais foram (Atos 4:12; 10:43, 15:11). Porque Paulo também diz: "Todos os nossos pais comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida espiritual. Porque eles beberam da Rocha espiritual que os seguia, e a Rocha era Cristo"  (I Cor. 10:03f.). E assim podemos ler o que João diz: "Cristo era o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8), e João Batista testificou que Cristo é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1:29).

Portanto, nós muito abertamente professamos e pregamos que Jesus Cristo é o único Redentor e Salvador do mundo, o Rei e Sumo Sacerdote, o verdadeiro e aguardado Messias, porque santo e abençoado é aquele a quem todos os tipos da Lei e as previsões dos profetas prefiguraram e prometeram, e que Deus designou de antemão e enviou para nós, de maneira que agora não olhemos para nenhum outro. Agora só resta a todos nós dar toda a glória a Cristo.  Crer Nele.  Descansar Nele somente.  Desprezando e rejeitando todas as outras ajudas na vida. Porém muitos que buscam salvação em outros e não apenas em Cristo, tem caído da graça de Deus e tem tornado Cristo nulo e vazio para eles mesmos (Gal. 5:4). Bullinger, The Second Helvetic Confession – Chapter XI Of Jesus Christ, True God and Man, the Only Savior of the World

2) O Ensino do Evangelho não é novo, mas a mais antiga doutrina. E embora o ensinamento do Evangelho, em comparação com o ensino dos fariseus sobre a lei, parecesse ser uma nova doutrina quando pregado por Cristo (que Jeremias também profetizou sobre o Novo Testamento), na verdade ele não somente foi e ainda é uma antiga doutrina (mesmo que hoje seja chamada de nova pelo papistas, quando comparada com o ensino recebido atualmente entre eles), como também é a mais antiga de todas no mundo. Porque Deus predestinou desde a eternidade salvar o mundo através de Cristo, e Ele revelou ao mundo através do Evangelho essa sua predestinação e eterno conselho (II Tm. 2:9f.). 

Por isso é evidente que a religião e o ensino do Evangelho entre todos os que já existiram, existem e existirão é o mais antigo de todos. Por isso afirmamos que todos que dizem que o ensino e a religião do Evangelho é uma fé que surgiu recentemente, tendo dificilmente trinta anos, erram desgraçadamente e falam vergonhosamente do conselho eterno de Deus. Para eles se aplica a declaração do profeta Isaías: "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!" (Isaías 5:20). Bullinger, The Second Helvetic Confession – Chapter XIII Of the Gospel of Jesus Christ, of the Promises, and of the Spirit and Letter.

3) Satisfações. Nós também desaprovamos aqueles que pensam que por suas próprias satisfações fazem reparação pelos pecados cometidos. Porque nós ensinamos que somente Cristo por sua morte ou paixão é a satisfação, propiciação ou expiação de todos os pecados (Isaías, cap. 53, I Coríntios. 1:30). No entanto, como já dissemos, nós não cessamos de exortar a mortificação da carne. Nós adicionamos, no entanto, que essa mortificação não é para ser orgulhosamente imposta a Deus como uma satisfação pelos pecados, mas é para ser realizada humildemente, em harmonia com a natureza dos filhos de Deus, como uma nova obediência de gratidão pela libertação e plena satisfação obtida pela morte e satisfação do Filho de Deus. Bullinger, Second Helvetic Confession, Chapter XIV Of Repentance and the Conversion of Man

4) A justiça imputada. Porque Cristo tomou sobre si e levou os pecados do mundo, e satisfez a justiça divina. Portanto, somente por causa dos sofrimentos de Cristo e de sua ressurreição, Deus é propício com respeito aos nossos pecados e não os imputa a nós, mas nos  imputa a justiça de Cristo como nossa própria (II Coríntios. 5:19 .; Rom. 4:25 ), de modo que agora não somos apenas santos ou purificados e purgados dos pecados, mas também a nós é concedida a justiça de Cristo, e assim absolvidos do pecado, morte e condenação, somos, ao final, justos e herdeiros da vida eterna. Propriamente falando, portanto, somente Deus nos justifica, e nos justifica somente por causa de Cristo, não imputando os pecados a nós, mas imputando a Sua justiça a nós. Bullinger, Second Helvetic Confession, Chapter XV Of the True Justification of the Faithful


5) A Igreja Sempre Existiu e Sempre Existirá. Mas como Deus, desde o início queria salvar os homens e trazê-los ao pleno conhecimento da verdade (I Tm. 2:4), é absolutamente necessário que a Igreja sempre tenha existido, exista agora e até o fim do mundo. Bullinger, The Second Helvetic Confession – Chapter XVII Of the Catholic and Holy Church of God, and of The One Only Head of The Church.

6) O comer sacramental do Senhor. Além do comer altamente espiritual há também um comer sacramental do corpo do Senhor, pelo qual não somente espiritualmente e internamente o crente realmente participa do verdadeiro corpo e sangue do Senhor, mas também, por vir à Mesa do Senhor, externamente recebe o sacramento visível do corpo e sangue do Senhor. Sem dúvida, quando o crente crê, ele primeiro recebe o alimento que dá vida, e desfruta dele. Mas, portanto, quando ele agora o recebe o sacramento não é o caso de não estar recebendo nada.

Porque ele avança em continuar a comungar no corpo e sangue do Senhor, e assim sua fé é estimulada e cresce mais e mais, e é renovada pelo alimento espiritual. Porque enquanto estamos vivos, a fé é aumentada continuamente. E quem exteriormente recebe o sacramento pela fé verdadeira, não só recebe o sinal, mas também, como dissemos, desfruta da coisa em si. Além disso, ele obedece a instituição do Senhor e o mandamento, e com a mente alegre dá graças por sua redenção e aquela de toda a humanidade, e faz um fiel memorial da morte do Senhor, e dá um testemunho perante a Igreja, de cujo corpo Ele é um membro. 

Garantia também é dada para aqueles que recebem o sacramento que o corpo do Senhor foi dado e seu sangue derramado, não somente pelos homens em geral, mas particularmente por cada fiel comungante, para quem eles são comida e bebida para a vida eterna. The Second Helvetic Confession – Chapter XXI Of the Holy Supper of the Lord.


Pecados do Mundo


Em sua obra "Decades":


1) Imagine, portanto, que o homem está diante do tribunal de Deus, e que lá ele é declarado culpado e, portanto, demanda-se a punição ou a sentença de condenação. Imagine também, que o Filho de Deus faz intercessão, e vem como um meio, desejando que sobre Ele possam ser colocadas toda a culpa e punição devida à nós como homens, para que, por Sua morte,  possa purificá-las e tirá-las, deixando nos livre da morte, e nos dando a vida eterna. Imagine também, que Deus, o mais alto e justo juiz, recebe a oferta, e muda a punição juntamente com a culpa de nós para seu Filho.  Fazendo, além disso, um estatuto, de que todo aquele que crer que o Filho de Deus sofreu pelos pecados do mundo, refreia o poder da morte, é libertado da condenação, limpo de pecados e feito herdeiro da vida eterna. Quem, portanto, pode ser tão estúpido de entendimento, que não pode perceber que a humanidade é justificada pela fé? Decades, 1st Decade, Sermon 6, vol 1, p., 105.

2) No entanto, porque há alguns, e esses não são poucos, que negam que Cristo por sua morte tirou de nós pecadores tanto a culpa quanto a punição, e que Ele se tornou a única satisfação de todo o mundo, vou, portanto, agora citar outros testemunhos, e repetir um pouco daquilo que eu já citei antes, para que assim possa tornar manifesto que Cristo, a única satisfação do mundo, fez satisfação tanto pela nossa culpa quanto pela nossa punição ... Mas como Ele poderia escolher apenas se lembrar de nossas iniqüidades, se não deixou de puni-las? Então, não resta dúvida de que nosso Senhor Jesus Cristo é a completa propiciação, satisfação, oblação e sacrifício pelos pecados, digo eu, para a punição e culpa de todo o mundo.  Sim, e por Ele somente.  Porque em nenhum outro existe qualquer salvação: "não há outro nome dado aos homens pelo qual eles devem ser salvos." [Atos 4:12]. Decades, 1st Decade, Sermon 6, vol 1, pp., 108 and 110.

3) As causas, pelas quais esta concepção do Filho de Deus no ventre da Virgem Maria é a mais pura, são estas: Aquele que foi concebido no ventre da Virgem é Deus, mas Deus é um fogo consumidor, que não pode receber ou sofrer qualquer impureza em si mesmo. Outra causa é esta: Deus veio para purificar a nossa impureza, ou seja, a impureza de nós homens. Ele mesmo, na verdade, deveria ser isento de todos mácula original, e de todas as formas mais santo, a fim de que, sendo o único sacrifício sem mácula oferecido pelos pecados de todo o mundo, Ele pudesse tirar completamente os pecados do mundo. Pois o que é de si mesmo sujo não pode limpar aquilo que está sujo, mas, pelo contrário, a mancha ou imundice dobra sua imundícia por vir de outra coisa imunda. Decades, 1st Decade, Sermon 7, vol 1, p., 133.

4) No terceiro ponto do artigo, nós declaramos expressamente a forma de sua morte; porque nós acrescentamos: "Ele foi crucificado", e morreu na cruz. Mas a morte de cruz, como era mais reprovável, assim também era mais amarga ou dolorosa a ser sofrida.  Ainda assim Ele tomou esse tipo de morte sobre Si, para que pudesse fazer satisfação pelo mundo, e cumprir o que do principio foi prefigurado: que Ele seria pendurado no madeiro. Decades, 1st Decade, Sermon 7, vol 1, p., 135.

5) Nosso Senhor, portanto, se tornou homem a fim de que pelo sacrifício de si mesmo fizesse satisfação por nós. Ele, como se fosse um bode para oferta pelo pecado, onde todos os pecados do mundo todo foram reunidos e colocados,  por sua a morte tirou e purgou a todos eles, de modo que agora o único sacrifício de Deus satisfez pelos pecados do mundo todo. Decades, 1st Decade, Sermon 7, vol 1, p., 136.


6)E porque alguns cavaleiros podem, porventura, fazer esta objeção, dizendo: Este tipo de doutrina faz os homens lentos e preguiçosos para se corrigirem, porque os homens sob o pretexto da graça de Deus não deixarão de pecar, portanto João em seu segundo capítulo responde a essa objeção, e diz: "Se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo o justo. E Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos pecados, mas também pelos pecados de todo o mundo" [1 João 2:1,2]. Portanto, é certamente verdade, que com a morte de Cristo todos os pecados são perdoados aos que crêem. Decades, 1st Decade, Sermon 9, vol 1, p., 166.

7) E como, pela Lei, eles não podiam sacrificar a não ser num só lugar, havia um certo local designado para as pessoas, onde, como em um santo local de trabalho, os sacerdotes exerciam o seu ministério sagrado em sacrifícar ao Senhor; e por isso, agora, a ordem e o curso desse argumento exige que eu diga algo tocante a este santo lugar. A Lei, que os proibia de sacrificar a não ser num só lugar, a menos que fosse por dispensação, é encontrada no décimo segundo capítulo de Deuteronômio e no décimo sétimo capítulo de Levítico, e contém o mistério de Cristo, que foi oferecido apenas uma vez e em um só lugar para limpar os pecados do mundo. Decades, 3rd Decade, Sermon 5, vol 1, p., 143.


8) Portanto, quando Cristo veio, e com a sua morte completou tudo, então o véu que pairava no templo se rasgou de alto a baixo; pelo que todos os homens podem compreender que o caminho estava aberto para o sanctum sanctorum, isto é, para os céus, e que a satisfação foi feita por todos os homens em relação à Lei. Decades, 3rd Decade, Sermon 5, vol 1, p., 147-8.

9)Porque todos os intérpretes das Sagradas Escrituras concordam que o lugar era em Jerusalém, sobre o monte Moriá, onde Abraão uma vez teve de oferecer seu filho Isaque, e neste lugar designado ou fatal o templo foi erguido.  E que o monte Gólgota, ou Calvário, não eram longe, mas no topo do monte Moria, que era o lugar e o santo monte, onde o santo Evangelho testemunha que Cristo foi oferecido pelos pecados de todo o mundo, o que foi prefigurado em tipo pelos antigos sacrifícios e outras cerimônias pertencentes ao templo. Decades, 3rd Decade, Sermon 5, vol 1, p., 151.

10) Sobre a arca, lemos que havia sido colocado o propiciatório, que era ou a tampa da arca, ou um assento colocado sobre a arca. Pelo qual foi figurado, como os apóstolos João e Paulo interpretaram isso, Cristo, nosso Senhor, que é o trono da graça, e a propiciação pelos nossos pecados, não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. Decades, 3rd Decade, Sermon 5, vol 1, p., 154.

11) À essas confissões foi adicionada a cerimônia usada com o bode expiatório, e o sacrifício, que é em geral estabelecido no capítulo dezesseis de Levítico. E assim foram os pecados do povo purificados: o que era um tipo da purificação que haveria por meio de Cristo, que sendo oferecido uma vez, com um único sacrifício de seu corpo, tirou os pecados de todo o mundo. Ele também contêm a doutrina do verdadeiro arrependimento. Decades, 3rd Decade, Sermon 5, vol 1, p., 165-6.

12) Foi também designado que eles teriam que celebrar a páscoa, a saber, toda a congregação circuncidada de Israel, sendo reunida por casas e famílias em companhias tão grandes quanto fosse suficiente para comer um cordeiro [Êxodo 12:43-49]. Porque, assim como Cristo é o salvador de todos nós, assim também todos os pecadores (pois todos somos pecadores) são a causa pela qual nosso Senhor Jesus Cristo foi oferecido sobre o altar da cruz. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 181.

13) Essa foi a forma do sacrifício ou oblação, a qual eles comumente chamaram de holocausto: a significação da qual era mais alegre e agradável para os que foram convencidos de que pelo holocausto era prefigurado que o próprio Filho de Deus seria encarnado de uma virgem imaculada  e seria sacrificado uma vez para purificação de todos os pecados do mundo todo. Porque eles no reflexo daquele sacrifício contemplavam a cruz e a paixão do Senhor, que tomou sobre Si os nossos pecados, foi morto e derramou Seu sangue para a remissão dos pecados, oferecendo-se inteiramente a Deus Pai, no fogo da caridade e de zelo celestial. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 189-90.

14) Tudo o que o apóstolo Paulo, expôs no nono capítulo aos Hebreus onde diz que "Cristo não entrou no tabernáculo feito por mãos, mas no próprio céu, e não com o sangue de um novilho, ou um bode, mas com seu próprio sangue, e alcançou para nós uma perpétua purificação e remissão de pecados. Porque "Ele é a nossa propiciação, não só pelos nossos pecados, mas também pelos pecados de todo o mundo". Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 196.

15) Agora, o bode tendo carregado os pecados para o deserto, não seria o caso dos  pecados não existirem mais, mas que não seriam mais imputados a eles. Porque na igreja, verdadeiramente, há pecados no santos, mas não são imputados a eles. O pecado é imputado a todos os que estão de fora da igreja, no deserto desolado. O homem apropriado, que levaria para longe o bode expiatório, não pode ser outro senão o próprio Cristo, que nos dias de sua carne observou o mais apropriado tempo e ocasião adequada, repetindo muitas vezes que sua hora ainda não era chegada.  Mas, ao final, quando a hora apropriada chegou para sua morte, Ele disse que sua hora havia chegado. E ao morrer, Ele levou para longe apropriadamente o bode expiatório, eu quero dizer, os pecados de todo o mundo. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 198.

16) O Senhor prometeu o Messias que foi prefigurado pelos sacerdotes e, especialmente, pelo sumo sacerdote: Jesus Cristo, que é a pedra sobre a qual os olhos de todos os homens são inabalavelmente fixados, como sobre seu único Salvador. Ele ..por seu sofrimento e por ter morrido uma vez, purgou os pecados de toda a terra.

Dessa cerimônia, e desse lugar das Escrituras, Paulo, o santo apóstolo de Cristo, toma emprestado quase todo seu discurso em sua epístola aos Hebreus, no tocante ao sacrifício de Cristo, oferecido uma vez por todos os pecados do mundo todo,  no qual dissertando ele, muitas vezes, repete o termo “uma vez” e faz isso com uma certa enfática certeza. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 199.

17) O sacrifício único de Cristo é suficiente por todo o mundo. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 200; marginal note.

18) Porque a vida da carne está no sangue; e eu a dei a vocês sobre o altar, para fazer uma expiação pelas vossas almas: o sangue fará uma expiação pela alma. ...” Nestas palavras um motivo mais evidente é dado para o porquê não era lícito comer sangue.  Pois o sangue era a coisa mais excelente e preciosa, de forma que foi ordenado para a santificação da humanidade. Porque Deus deu o sangue para ser como preço, com o qual os pecados seriam limpos, para ser, eu digo, o preço da redenção, pela qual os homens seriam absolvidos de seus pecados. O sangue é também a vida, isto é, a nutrição da vida.

O sangue, portanto, era um sinal do sangue de Cristo, que era para ser derramado na cruz.  Através dele,  como pela mais compelta e absoluta expiação, os fiéis são purificados e completamente santificados, e no qual é a nutrição para a vida eterna.  E como não era lícito comer a carne do sacrifício, cujo sangue foi carregado no sanctum pelo pecado, ….por isso era ilegal comer o sangue, que era a purificação de seus pecados. Aquele, portanto, que come o sangue, e atribui à sua própria força ou obras a expiação que foi feita pelo sangue de Cristo, estima seu sangue como profano, e não atribui a ele a plena satisfação por todos os pecados. Novamente, ele atribui o benefício da nossa redenção ao mérito único de Cristo, e estima isso como de tão grande valor que por direito deve ser estimado. Decades, 3rd Decade, Sermon 6, vol 1, p., 215.

19) Além do mais, porque todos os tipos de sacrifícios contidos na lei são totalmente revogados, nenhum homem, eu suponho, irá negar considerar que tanto o templo quanto os dois altares, os quais foram todos instrumentos sagrados, são totalmente derrubados e vem a ser nada. Eu disse a vocês que esses sacrifícios eram lembranças de pecados, e figuras ou tipos da purificação e expiação [*] que estava para ser feita por Cristo Jesus. Portanto, quando Cristo veio e se ofereceu pelos pecados de todo o mundo, então, verdadeiramente, todos os sacrifícios dos antigos judeus chegaram ao seu fim ...

Porque somente Cristo é a única alternativa de todos os sacrifícios. Porque Ele foi oferecido, e depois disso não mais oferecido. Ele, por oferecer a Si mesmo uma vez, tem alcançado redenção eterna, de forma que todos os quais Ele santificou, são santificados por nenhuma outra oblação a não ser aquela de Cristo na cruz pelos pecados de todo o mundo.  Ele é o holocausto da igreja católica.  Ele é também a oferta de manjares, que nos alimenta com a sua carne oferecida sobre a cruz para a vida eterna, se nós recebermos e nos alimentarmos Dele pela fé. Além disso, Ele é a oferta de bebida da igreja, que com seu sangue sacia a sede do fiel para a vida eterna. Ele é a purificação e o sacrifício diário da igreja",porque Ele é "o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" [João 1:29]. Sua paixão e morte purificam todos os homens de seus pecados, seus erros e iniqüidades. Decades, 3rd Decade, Sermon 8, vol 1, p., 269 and 270. [*Footnote: Lat., expiation]

20) O outro erro deles é o de dizer, que Cristo ofereceu seu corpo, somente pelo pecado original, e não por nós e todos os nossos pecados, e por isso devemos fazer satisfação pelos nossos próprios pecados. Mas o apóstolo Paulo neste lugar condena ambas as opiniões. E o santo evangelista João concordando com Paulo, diz: "O sangue do Filho de Deus nos purifica de todo pecado. Porque Ele é a propiciação pelos nossos pecados, não somente pelos nossos, mas pelos pecados de todo o mundo". Portanto, o mérito da redenção de Cristo, se estende a todos os fiéis de ambos os Testamentos. Decades, 4th Decade, Sermon 1, vol 2, pp., 42-43.

21) No evangelho de São João, o precursor do Senhor clama, dizendo: Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. " Decades, 4th Decade, Sermon 2, vol 2, p., 65.

22) Além disso, o abençoado apóstolo e evangelista João não menos verdadeiramente testifica, dizendo: "o sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus purifica nos de todo pecado." [1 João 1:7, 2 João 2:2. ] E mais uma vez: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, não somente pelos nossos, mas pelos pecados do mundo todo. "Decades, 4th Decade, Sermon 2, vol 2, p., 66.

23) E isso segue imediatamente: "E ele disse à mulher: A tua fé te salvou, vai em paz." Nós, portanto, concluímos que há apenas uma satisfação pelos pecados de todo o mundo, a saber, Cristo uma vez se ofereceu por nós, que somos, pela fé, feitos participantes Dele. Decades, 4th Decade, Sermon 2, vol 2, p., 93.

24) Sim, outros, muitas vezes, tem objetado contra esses defensores-indulgência usando essa declaração piedosa do santo homem, Papa Leo, em sua epístola octagésima primeira: "Embora a morte de muitos santos seja preciosa aos olhos do Senhor, ainda assim o abate de nenhum homem sujeito ao pecado é a propiciação pelos pecados do mundo." Mais uma vez, "O justo recebeu, não deu, coroas de glória.  E a constância viril dos mártires são destacáveis exemplos de paciência, e não dons de justiça.  Porque suas mortes foram singulares. Nem qualquer um deles pelo seu fim pagou a dívida de outro, pois há um só Senhor Jesus Cristo, em quem todos eles são crucificados, mortos, sepultados e ressuscitados." E assim muito mais do Papa Leo . Temos, por conseguinte, testemunhos, divino e humano, evidentemente provados, de que as indulgências dadas aos pecadores pelo mérito ou tesouro do sangue dos mártires são meras blasfêmias contra Deus e injúrias abertas contra seus santos mártires. Decades, 4th Decade, Sermon 2, vol 2, p., 95 . [Aqui Bullinger cita Leo o aprovando. Seria dificilmente crível que ou Leo acreditava que Cristo morreu somente pelos pecados dos eleitos, ou que Bullinger o cita aqui se ele próprio não concorda com Leo: porque se fosse assim ele estaria tentando refutar um erro com outro]

25) E não é errado observar neste lugar antes de tudo, que Cristo é chamado de uma propiciação ou satisfação, não pelos pecadores e pessoas de um ou dois séculos, mas por todos os pecadores e por todos os fiéis em todo o mundo . Unicamente Cristo, portanto, é suficiente por todos: o único intercessor junto ao Pai é colocado por todos. Décadas, a 4 ª década, Sermão 5, vol 2, p., 218-219.

26) Em resumo, quando dizemos e confessamos que Jesus Cristo é o sacerdote ou bispo do povo fiel, nós dizemos que, como Cristo é o nosso escolhido e nomeado professor e mestre, para governar e ensinar a sua igreja universal, para interceder por nós, e para defender todas as nossas súplicas fielmente diante do Pai no céu, que é o único patrono, mediador e defensor dos fiéis com Deus, o qual pelo sacrifício de Seu corpo é a perpétua e a única satisfação, absolvição e justificação de todos os pecadores em todo o mundo ...

Ele nunca sacrificou no altares sagrados do templo ou incenso ou holocaustos. Ele nunca usou vestes sacerdotais, que eram figurativas; e das quais eu falei quando expus as leis cerimoniais [Heb. 8]. Portanto, quando Ele sacrificou pela satisfação dos pecados do mundo todo, sofreu fora da porta, e ofereceu a Si mesmo como um vivo e mais santo sacrifício, de acordo com as sombras ou tipos, profecias e figuras anteriormente demonstradas na Lei de Moisés:... E esse único sacrifício é sempre eficaz para fazer satisfação por todos os pecados de todos os homens em todo o mundo ... Os cristãos sabem que o sacrifício de Cristo, oferecido uma vez, é sempre eficaz para fazer satisfação pelos pecados de todos os homens em todo o mundo, e de todos os homens de todas os séculos, mas esses homens muitas vezes com gritos dizem que é heresia não confessar que Cristo é oferecido diariamente no sacrificio dos sacerdotes, consagrados para esse propósito. Decades, 4th Decade, Sermon 7, vol 2, pp., 285-286, 287, and 296.

27)[...]O apóstolo, falando de sacrifícios para os Hebreus, diz: "Mas nesses sacrifícios há menção dos pecados a cada ano, pois não é possível que o sangue de touros e bodes tirem os pecados". Como muitas vezes, portanto, os sacrifícios, como novilhos, bodes, bois e ovelhas, são chamados santificações, purificações, ou pecados, os sinais tomavam os nomes das coisas significadas. Porque esses eram certos tipos e figuras do sacerdote que estava por vir e de Cristo, sobre quem todos os nossos pecados foram colocados: porque Ele é verdadeiramente "o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo." Decades, 5th Decade, Sermon 6, vol 2, p, 282.

28) E o Senhor não instituiu os sacramentos ou sacrifícios, para que, sendo oferecidos, pudessem dar graça ou nos justificar; mas para serem  uma testemunha da graça de Deus e para que por eles o seu povo pudesse ser guardado e tirado na devida ordem, dos ídolos e da adoração pagã, e levados a Cristo, o sumo sacerdote e único sacrifício (ou oblação) pelo mundo todo. Decades, 5th Decade, Sermon 7, vol 2, p, 302.

29) E nós fazemos uma distinção entre sacrifício e oblação. Porque há um sacrifício de expiação e há um sacrifício de confissão ou louvor. O sacrifício de expiação é oferecido para purificar ou purgar os pecados, e também para a satisfação pelos pecados. Isso não pode ser realizado sem morte e sangue: como São Paulo, o apóstolo demonstra claramente no capítulo nove aos Hebreus. O sacrifício de Cristo foi de tal peso (do qual todos os sacrifícios de todos os santos pais do Antigo Testamento foram figuras) que, sendo ao mesmo tempo sacerdote e sacrifício, ofereceu a Si mesmo uma vez a Deus Pai, quando sofreu na cruz e, derramando Seu sangue inocente, entregou o espírito. A ceia no dia de hoje não é tal sacrifício, mas uma comemoração da morte ou do sacrifício oferecido uma vez sobre a cruz. Porque Cristo nem deve ou pode ser sacrificado novamente, o qual sendo oferecido uma vez, é suficiente para purificar os pecados de todos os séculos. Decades, 5th Decade, Sermon 9, vol 2, p, 432.

30) Por isso Ele diz: "Quem come desse pão, ou bebe do cálice do Senhor indignamente, o mesmo será culpado do corpo e do sangue do Senhor". Por essas palavras, na verdade, ele queria dizer que a principal e mais imunda indignidade de todas, a saber, a incredulidade. Porque ele é culpado do corpo e do sangue do Senhor, a quem a culpa da morte do Senhor é imputada, ou seja, a quem a morte de Cristo torna-se morte e não vida.  Como também aconteceu a eles, que através de incredulidade e impiedade crucificaram Cristo.  Porque para eles o sangue de Cristo parecia profano, como se fosse o sangue de algum animal, assassino, ou pessoa ímpia, ao ser dignamente derramado por suas ofensas. E eu rogo a vocês, que aquele que crê que o sangue de Cristo é profano, não crê que o mesmo foi derramado pelos pecados do mundo. Decades, 5th Decade, Sermon 9, vol 2, p, 472.

31) Eu não alegarei testemunhos da lei e dos profetas, (embora eles existam em grande abundância), mas só a partir dos escritos dos evangelistas e apóstolos, que ensinam de comum acordo que aos que crêem os pecados são perdoado livremente por causa de Cristo. O Batista, precursor de nosso Senhor, aponta o dedo para o próprio Senhor Jesus Cristo e exclama: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." [João 1.] Porque o apóstolo João disse: "O sangue do Filho de Deus, nos purifica de todo pecado. Porque Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não apenas pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. "[1 João 2:2.] Mais do que isso, o próprio Senhor Jesus testifica destas coisas e diz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."[João III.] Decades, appendix II, vol 2, p, 550.

32) E agora, brevemente, para resumir o que eu revelei a vocês, reverendos e mais queridos colegas ministros e irmãos. Aprendemos por tudo o que foi dito, que Deus, quando é provocado pelos nossos pecados, não pode ser apaziguado de outra maneira além desta:  cada um de nós reconhecer, do que temos cometido contra Deus, nosso Pai; por nos humilharmos, e nos entristecermos diante de nosso Deus com todo nosso coração; por não nos rendermos ao nosso desespero por conta de nossos pecados, mas crermos que, sem dúvida, foram tirados inteiramente e fomos perdoados, não por nossa causa ou méritos, mas por causa de Jesus Cristo, nosso Senhor, o Salvador do mundo todo, sobre o qual o Pai celestial colocou os pecados do mundo, pelo qual o Filho de Deus fez satisfação sobre a cruz; e, finalmente, por continuarmos em súplica e oração sem cessar, servindo a Deus, que nos remiu, e de quem somos completamente, com verdadeiro arrependimento e frutos dignos de arrependimento, com uma firme esperança, com um amor sincero, com bondade, benevolência, justiça, santidade, paciência e inocência. Décadas apêndice II, vol 2, p., 553-554.


Em sua obra "Common Places":


Todos e cada cristão fiel universalmente deve estar familiarizado com estas palavras que são faladas por João no seu Evangelho. A Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo, portanto eles devem saber que os homens não são justificados e salvos pelas obras da lei, mas pela graça de Deus em Cristo. E a graça de Deus consiste nisso: que Deus de sua própria concordância, que é de sua mera bondade e misericórdia, sem qualquer mérito ou merecimento dos homens, recebe os pecadores pela graça, perdoa os seus pecados, e os torna herdeiros da vida eterna.

Esta graça de Deus que desde a eternidade ordenou, que no fim e no tempo designado Ele manifestaria publicamente ao mundo Cristo, nosso Senhor, que também veio ao mundo, contendo em Si todos os tesouros celestiais da salvação, cumpriu a Lei, e prontamente, voluntariamente, e obedientemente, sofreu dores e morte pelos pecados do mundo.  Sofrimento este com o qual apaziguou a ira de Deus, e pagou o preço da nossa redenção, para que nossos pecados sejam perdoados a nós, e depois não nos sejam imputados para condenação, mas que sua perfeita justiça, seja imputada a nós que temos fé por justiça.  

Porque pela fé, somos feitos participantes da redenção e justiça de Cristo. E, portanto, os escritos sagrados dos apóstolos de muitas maneiras, ensinam em comum que nós somos justificados diante de Deus somente pela fé, e não pelas obras, e absolvidos de toda a dor e culpa, e para que, aqueles que crêem tenham todas as coisas em Cristo. Que todas estas coisas são verdadeiras e certas, vamos provar por testemunhos das Escrituras Sagradas nos capítulos seguintes. Henry Bullinger, Common Places of Christian Religion, (Imprinted at London by Tho. East, and H. Middleton, for George Byshop, 1572), 102-103.




Em sua obra "Summe of the Foure Evangelists":


1) Naquele lugar eles o crucificaram no meio, entre dois dos mais perversos ladrões, partiram suas vestes como espólio, e colocaram toda a compaixão e cortesia de lado.  Eles zombaram Dele sofrendo os mais amargos tormentos, como se tivessem sido enganados de sua esperança em Deus . Mas Ele, em meio a tantas e tão grandes acusações e tormentos, continuou constantemente em perfeita fé e paciência, e sacrificou a Si mesmo mais santamente pelos pecados de todo o mundo, clamando a Deus, o Pai, a quem também, ao ceder seu espirito, entregou Sua alma santíssima.  Henrie Bullinger, The Summe of the Foure Euangelistes Comprehending both the course of the historie, and also severall points of doctrine set foorth in the same, pointing foorth as it were with the hand, that IESVS is CHRIST, the only perfect and sufficient Saviour of all the Faithfull, (Imprinted at London: William Ponsonby at the signe of the Bishops head, 1582), Matthew 27:35-51. [Spelling modernised. This edition has no pagination.]

2) O Senhor cumpriu previamente todas as funções sacerdotais, mesmo ao morrer e se oferecer de sacrifício, pois somente o sacrifício expiatório e de purificação restavam para ser realizados. Lucas portanto descrevia por essas coisas, que se seguem, a paixão e morte do Senhor, que é a única salutar oblação uma vez oferecida pelos pecados de todo o mundo .. Henrie Bullinger, The Summe of the Foure Euangelistes Comprehending both the course of the historie, and also severall points of doctrine set foorth in the same, pointing foorth as it were with the hand, that IESVS is CHRIST, the only perfect and sufficient Saviour of all the Faithfull, (Imprinted at London: William Ponsonby at the signe of the Bishops head, 1582), Luke 22 [opening remarks]. [Spelling modernised. This edition has no pagination.]



Em sua obra "Looke from Adam, And behold The Protestants Faith and Religion":



1)Questão:

E embora se pergunte: "Como pode Deus que é espírito, ser servido com cerimônias exteriores, visíveis coisas carnais, como eram anteriormente as cerimônias dos judeus?"


Resposta:

Eu respondo: Tais ritos exteriores do povo de Deus foram sacramentos e símbolos de boas coisas celestiais e invisíveis, e não eram as riquezas celestiais em si. Por isso eles nem serviram nem agradaram a Deus, ao  usar  e realizar tal serviço sem fé e elevação da mente. Mas os que confiaram em Deus,...e levantaram seus corações mais alto, e não se mantiveram nas coisas visíveis, esse agradaram a Deus. Considerando que eles tinham apenas um altar e um lugar designado onde deviam fazer sacrifício, isto significou a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, e que Ele seria oferecido apenas uma vez (e em um único lugar) pelo pecado do mundo.

Por isso, quando o Sumo Sacerdote também todos os anos entrava para dentro do Tabernáculo com sangue; isso significava que nosso Senhor Jesus viria a este mundo, e derramaria seu sangue uma vez por todas, para perdoar e nos purificar de nossos pecados, e assim ascender ao céu. Sim, todas as oblações e derramamentos de sangue nos sacrifícios dos antigos pais, significava a morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Nada foi purificado entre eles, sem sangue, o que significa que toda a purificação da nossa impureza é feita pelo sangue de Jesus Cristo.

E todo o sacerdócio que foi ordenado para ensinar, orar e fazer intercessão, oferecer e fazer sacrifício, representava o ofício de nosso Senhor Jesus Cristo, que veio a este mundo para nos ensinar a verdade e a justiça: e então se oferecer ao Pai pelos nossos pecados, e depois de feito o sacrifício, ressuscitou da morte, ascendeu ao céu, e assentou à direita de Deus, e mesmo lá, como um verdadeiro Sumo Bispo aparece sempre na presença de Deus, e ora por nós. Esta é a soma dos ritos e cerimônias dos pais antigos, a compreensão das figuras, e o espírito da letra: da qual o santo Paulo tem escrito muito mais na sua excelente epístola aos Hebreus..

A partir de tudo isso é fácil compreender, como é que esses ritos e cerimônias dos pais eram sacramentos dados ao povo de Deus. Não que eles com a letra e coisas externamente visíveis e corporais suficientemente servissem a Deus, que é um espírito, mas que deviam elevar suas mentes das mesmas para as coisas espirituais, considerando a misericórdia de Deus, a partir da qual Ele sendo movido, torna-se gracioso a nós. E quando podia ter nos condenado por nossos pecados e delitos, nos poupou por causa de Seu Filho, a quem Ele entregou à morte, e Sua morte inocente Deus aceitou por nossos pecados. Tal consideração fiel (que é a crença verdadeira) agrada a Deus, e com tal fé é Deus servido, e ela o Senhor queria nos ensinar e plantar em nós, por meio dos ritos e cerimônias do passado. Portanto todos os que agradaram a Deus entre os antigos pais, o agradaram não por causa da letra, mas por causa do espírito.

Quando o sacrifício e a cerimônia também eram realizados após a ordenança de Deus na congregação, os amigos amados de Deus não só respeitavam a coisa externa, mas de forma muito melhor contemplavam Cristo com os olhos da fé, e pensavam assim: 

"Eis que a vontade de Deus tem ordenado a fazer o sacrifício pelo pecado.  Agora todos nós somos pecadores e devedores a Deus, tanto quanto Ele tem poder e direito sobre nós, para que, à semelhança da besta que está agora morta e ofertada, e teve seu sangue derramado. Assim Deus também poderia agora matar a todos nós, e nos condenar para sempre. No entanto, Ele nos tomou em Sua misericórdia, e nos prometeu uma semente, que então morreria na cruz, e nos purificaria com seu sangue, e com sua morte, nos restauraria a vida.  E isso, sem dúvida, certamente acontecerá, como este animal é morto e oferecido diante dos nossos olhos. E como o sangue é aspergido sobre o povo, para a purificação do corpo, assim também o sangue de Cristo será aspergido sobre a nossa alma.” 

E a partir de tal pensamento, cresceu arrependimento e tristeza pelos seus pecados e alegria, louvor, conforto e ação de graças a Deus, o Pai misericordioso. E isso serve para alguns Salmos, que foram feitos sobre os sacrifícios. E também serve para as repreensões dos santos profetas, e da recusa das oblações. Porque a pompa externa e demonstração das ofertas, sem fé em Deus e na semente abençoada, não vale nada. Sim, é, pelo contrário, abominável a Deus, como você pode ver no primeiro capítulo de Isaías.[Henry Bullinger], Looke from Adam, And behold The Protestants Faith and Religion (London: Printed by Iohn Haviland, for Thomas Pavier, and are to be sold at his shop in Ivie Lane, 1624), 46-49.    [Worldcat entry: A translation of: Bullinger, Heinrich. Antiquissima fides et vera religio. Translated by Miles Coverdale, whose name appears on leaf A2. The first leaf is blank. Previous English editions entitled: The olde fayth…]


2) "O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque." Neste versículo descreve o ofício de Jesus Cristo, como aquele que foi ordenado por Deus para ser o único sacerdote eternamente, que ofereceria a Si mesmo pelos pecados do mundo, e sempre aparece aos olhos de Deus, o Pai, e roga por nós.[Henry Bullinger], Looke from Adam, And behold The Protestants Faith and Religion (London: Printed by Iohn Haviland, for Thomas Pavier, and are to be sold at his shop in Ivie Lane, 1624), 61.    [Worldcat entry: A translation of: Bullinger, Heinrich. Antiquissima fides et vera religio. Translated by Miles Coverdale, whose name appears on leaf A2. The first leaf is blank. Previous English editions entitled: The olde fayth...].

3) Ele próprio revelou sua própria cruz o local de execução, onde foi crucificado, e pendurado entre dois assassinos ... Porque a pregação da morte do Filho de Deus alterou todo o mundo, e muitos corações duros de pedra são movidos ao arrependimento, fé e boas obras. Mas quando o lado do corpo de Cristo foi aberto com a lança, e a rocha (como diz Zacarias) foi perfurada, correu para fora água e sangue, declarando, assim, manifestamente, que para nós a partir da morte de Cristo, segue vida e purificação. Porque a água purifica e no sangue está a vida do homem. E ...só agora o sangue de Cristo está disponível, sendo aspergido por meio da fé em nossos corações. Esta oblação e paixão (o resgate pelos pecados do mundo todo) foi feito no ano 18 do imperador Tibério, contando desde o começo do mundo 4.007 anos, no dia 25 de Março.   [Henry Bullinger], Looke from Adam, And behold The Protestants Faith and Religion (London: Printed by Iohn Haviland, for Thomas Pavier, and are to be sold at his shop in Ivie Lane, 1624),  88, 89.      [Worldcat entry: A translation of: Bullinger, Heinrich. Antiquissima fides et vera religio. Translated by Miles Coverdale, whose name appears on leaf A2. The first leaf is blank. Previous English editions entitled: The olde fayth...].




Em seus Sermões sobre o Apocalipse:


1) Além disso, as causas desse medo, desespero,..são a face daquele que está assentado no Trono, a ira do Cordeiro, e porque eles percebem que não vão suportar permanecer diante de Deus no dia de sua ira e vingança. Por isso, eles fogem da face de Deus, fogem do Cordeiro, para que eles possam evitar a vingança, se pudessem escapar dela. O temor de Deus é recomendado a nós nas Escrituras, e que aqueles que não temem a Deus são condenados, mas nesses lugares a Escritura fala de um medo combinado com verdadeira fé e amor. Porque São João diz que o amor lança fora o medo. Mesmo assim, a mesma Escritura prega-nos que Deus é justo, e mostra estar furioso com o pecado, mas ainda assim declara que Ele é gentil e misericordioso àqueles que reconhecem os seus pecados e suplicam perdão. Ela declara que Deus nos deu seu Filho unigênito para a humanidade, ao qual, de outra forma, nenhum homem pode acessar.

Por fim, ela prega que Cristo, o Filho de Deus, é o Cordeiro, isto é, a propiciação pelos pecados do mundo todo, e que o mesmo chama todos os homens a ele, não excluindo nenhum homem, mas promete e profere todas as coisas que podem trazer vida e salvação a todos os homens. Henry Bullinger, A Hvndred Sermons Vpon the Apocalipse of Iesu Christ. (London: Printed by Iohn Daye, Dwellyng ouer Aldersgate, 1573), 97.


Em sua obra "An Holsome Antidotus":


1) Simon: Acautelai-vos de não culpar os anabatistas de forma precipitada e sem cuidadosa consideração. Porque sempre houve alguns declarando que Cristo sofreu apenas por aqueles que foram antes Dele, ou seja, pelos pais, que viveram sob o Antigo Testamento, e que Ele apenas nos purificou do pecado original, e que devemos expiar, ou fazer reparação e satisfação, com as nossas próprias ações e obras, pelos pecados que nós cometemos, depois de ter sido purificados

Joida: Se você tem ensinado isso até agora, e tem crido assim, por que Pedro Abelardo foi contado como um herege, e teve de novamente se retratar, pelo Santo Benardo, no conselho de Sens? Ele ensinou muitas coisas como essas..

Simon: Isso não me afeta em nada.

Ioida: Nisso vocês são censuráveis, porque vocês anabatistas, não sabem nem as novas nem as velhas histórias, e ainda querem ser mestres. Que audácia é essa? Nós vamos mostrar pelas Sagradas Escrituras como sua opinião é vã, e o quanto ela atenua e debilita a eficácia da paixão de Cristo. João Batista, mostrando com o dedo o puro e imaculado cordeiro, Jesus Cristo, disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Por estas e outras palavras da Escritura, é manifestamente provado que Cristo é a plena satisfação, pelos pecados de todo o mundo. Ou você pode dizer que somente os pais do Antigo Testamento são o mundo?

Simon: Não. Porém Ele diz pecado, e não pecados.

Ioida: João usa essa expressão “mundo”. Pelo “mundo” ele compreende quem quer que seja mundano: Então, por esta palavra "pecado", ele compreende tudo o que pode ser chamado pecado, o gênero sendo colocado aqui para a espécie. Porque ele diz, que tira, que tirou, ou tiraria porque essa palavra Tollit (tira) pode significar agir ou fazer e não o tempo. Porque os pecados sejam quais forem são tirados pelo sacrifício de Cristo, feito na cruz.

Simon: Você deve trazer testemunhos claros e mais fortes, porque esse, pode ser facilmente refutado.

Ioida: Esta autoridade é ao mesmo tempo clara e forte o suficiente. Nem pode ser ela subvertida, por qualquer contradição. Mas para que você possa ver que não estamos sem autoridades. Leia o 5º capitulo aos romanos, e você entenderá e perceberá, que a virtude da morte de Cristo, é abolida por você. "E como por um só homem" (diz São Paulo) "que pecou, veio a morte: assim é o dom de Deus. Porque o julgamento, veio, por um só pecado para a condenação e o dom veio para justificar de muitos pecados." Essas palavras, ó Simon, não provam que Cristo com sua morte, não purificou ou purgou um único pecado, mas toda sorte de pecados? Mas leia o capítulo todo e, em seguida, você deve entendê-lo melhor.

Paulo fala de Cristo no segundo capítulo aos Colossenses desta maneira: "E a vós outros (diz ele), que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com Ele, perdoando todos os nossos delitos”. “Porque Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.”. E isso não poderia, realmente, ser verdade se Ele não tivesse nos lavado de forma a nos purificar de todos os nossos pecados. Mas o contrário é evidentemente conhecido, pelo 10º capítulo da epístola aos Hebreus. “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.” Em 1 João 1: “O sangue de Cristo nos purifica de todos os nossos pecados”. Em 1 João 2: "Se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é satisfação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo todo. [Henry Bullinger],  An Holsome Antidotus or counter-poyson agaynst the pestylent heresye and secte of the Anabaptistes newly translated out of the Latin into Englysh by John Veron, Senonoys, 1570, 144-149. [The pagination is hand-written on every second page and is not original to the text. I have used this pagination for my referencing. The spelling has been modernized. Simon is the Anabaptist, and Ioida is the Reformed theologian.]


Em suas Cartas:


Deus Pai é um amigo de todos, e que tem o mesmo respeito para com as pessoas em todas as coisas e quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. É também o eterno conselho de Deus Altíssimo, abençoar, justificar e santificar os homens, pela remissão dos pecados em Jesus Cristo, o Filho unigênito e único mediador.  Por mera graça, somente por causa de seu filho, que se fez homem, sofreu e morreu para expiar o pecado do mundo.  Por meio da fé no nome de Jesus, não por mérito ou por obras que o próprio homem tenha feito. Por outro lado, entretanto, [é seu conselho] condenar os incrédulos por causa de seus próprios pecados e culpa, porque não receberam o Salvador apresentado a eles. Cited in, C.P., Venema, “Heinrich Bullinger’s Correspondence on Calvin’s Doctrine of Predestination, 1551-1553,” in The Sixteenth Century Journal 27 (1986) : 440.



Redenção Universal


1) Portanto, nosso Senhor Jesus Cristo, sendo Deus e homem, foi um apropriado mediador para ambas as partes. Disso o apóstolo testemunha dizendo: "Um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que deu a Si mesmo como preço de redenção por todos [1 Tm 2:5,6.]Decades, 1st Decade, Sermon 7, vol 1, p., 131.

2)Em segundo lugar, neste artigo é notado o tempo, e o juiz, Pôncio Pilatos, sob quem o Senhor morreu, e redimiu o mundo do pecado, da morte, do diabo e do inferno. Sofreu, portanto, na monarquia dos Romanos, sob o imperador Tibério, quando, como de acordo com a profecia de Jacó, pai de Israel, o povo judeu obedeceu a reis estrangeiros, porque eles não tinha reis ou chefes de Judá, para governá-los: porque ele previu que o Messias viria. Decades, 1st Decade, Sermon 7, vol 1, p., 135.

3) Porque é evidente que os israelitas partindo livres do Egito foram um tipo ou figura da libertação de toda a extensão da terra, e de todos os reinos do mundo, que seria realizada por Cristo, nosso Senhor, que já tem agora colocado todo o mundo livre da escravidão do pecado e do inferno. Mas pelo significado da cerimônia e sacramento da libertação do corpo, eu quero dizer, a própria páscoa. Pois quem é que não sabe que o cordeiro pascal em figura representava Cristo, nosso Redentor?

As palavras de Paulo "Cristo, nossa páscoa é oferecido?" são desconhecidas? Não tem todos os apóstolos e João Batista chamado, nosso Senhor de "o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” [João 1:29, Atos 8: 32, 1 Pd 1:19; Ap 5:6 ]? As palavras do profeta Isaías também, em seu capítulo 52, aparentemente são conhecidas, onde compara a libertação de Israel do Egito com a redenção de todo o mundo, alcançada por Cristo, da escravidão do pecado. 2nd Decade, Sermon 2, vol 1, p., 219.

4)Pelo que necessariamente concluímos que só Cristo é o mediador e intercessor junto ao Pai. Principalmente porque Cristo pode se colocar no meio entre Deus e os homens, porque Ele é o único participante de ambas as naturezas. Os santos participam, mas apenas de uma; porque são homens, mas Cristo é Deus e homem. Além disso, aquele que é um intercessor deve ser também ser um reconciliador, ou alguém que faça expiação. Por fim, o alvo do que faz intercessão é a reconciliação. Mas Cristo é o único reconciliador dos homens, portanto, também o único intercessor. 

Porque compete ao intercessor dissolver a causa da discórdia e da contenda, ou seja, abolir e tirar o pecado. Mas somente Cristo, e nenhuma outra criatura, tira o pecado. Permanece, portanto, que Cristo é o único intercessor. Cabe o testemunho das Escrituras. Paulo diz: "Há um só Deus e um só reconciliador (ou mediador) de Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que deu a Si mesmo como o preço (ou resgate) para a redenção de todos” [1 Tm 2.]. E, embora o apóstolo fale expressamente da redenção, não obstante estas palavras são colocadas no meio entre a disputa da invocação a Deus que é feita por Cristo, que é o único mediador de redenção e da intercessão. Decades, Decades, 4th Decade, Sermon 5, vol 2, p., 214-215.

6) Por último, o estado de Cristo e da Igreja é sombreado pela semelhança da união entre o marido e a esposa; porque Cristo é chamado o marido da Igreja, e a Igreja é chamada a Esposa de Cristo ... E nos profetas essa alegoria é muito comum. Em um determinado lugar está a falsa donzela, desprezada e poluída, dormindo em sua imundícia, e vem um nobre que, visando arrancá-la para fora do lamaçal, e fazê-la limpa de sua imundícia, e também suntuosamente a veste, e a toma como sua esposa. E declara ainda na alegoria que o benefício celestial que Deus mostrou ao seu povo, estando em cativeiro no Egito, pela sua maravilhosa libertação e por adotá-los como seu próprio povo. Quem não vê que toda a humanidade do seu estado original está contaminada com o pecado e rapidamente se atolam na lama do inferno? Quem não sabe que o Filho de Deus desceu do céu, e lavou toda a humanidade em seu sangue, e tendo os purgado, reuniu a Si uma igreja gloriosa, não tendo macha nem ruga, nem qualquer outro defeito. Décadas, a 5 ª década, Sermão 2, vol 2, p., 90.

7) Agora, uma vez que os sacramentos tem o mesmo motivo, nós podemos aplicar essas coisas aos nossos sacramentos. Cristo, portanto, o ungido do Senhor, depois de ter por sua morte, sem culpa e imerecida, redimido o mundo do poder de Satanás, e estar pronto para subir ao céu para o Pai, chamou os seus discípulos e disse: Ide por todo o todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas, aquele que crer e for batizado...”Decades, 5th Decade, Sermon 7, vol 2 pp, 321-322.

8) E a circuncisão era um sinal da abençoada semente que estava por vir, quero dizer, do próprio Messias, que pelo derramamento do seu sangue, concederia suas bênçãos sobre o mundo todo. Decades, 5th Decade, Sermon 8, vol 2, p, 353.


Redenção da Humanidade


1) Nós dizemos também, que o Senhor instituiu a ceia, para que assim ele pudesse manter Sua morte na memória, de forma que ela nunca se apagaria com o esquecimento. Porque a morte de Cristo é o resumo de todos os benefícios de Deus. Ele queria que nós tivéssemos guardado na memória o benefício de sua encarnação, paixão, redenção e amor. E, embora a lembrança de uma coisa que já aconteceu seja celebrada, a saber, de sua morte, a mesma ainda diz respeito a nós, e nos vivifica. Nem devemos pensar que este é o fim, porque ninguém tão diligentemente expressa como isso é. Porque o Senhor reitera isso dizendo: "Fazei isto em memória de mim" . Mas esse rito sagrado ou ação sagrada, sendo combinada com a Palavra ou com a pregação da morte de Cristo e da redenção da humanidade, quão maravilhosamente renova de tempos em tempos esse beneficio, e não permite que seja esquecida! Decades,  5ª decade, Sermon 9, vol 2, p, 468.

2) "Se só os Apóstolos, (como um exemplo somente para os sacerdotes ) recebem o sacramento da Ceia do Senhor, então, por boa razão, exigimos de vocês [que nos digam] por qual poder, ou por qual ordem de Sacerdotes não somente entregam a Taça, mas também dão o pão e também admitem mulheres à Ceia do Senhor, uma vez que eles não estavam enumerados na primeira instituição da mesma? Se, portanto, os leigos não devem receber o cálice do sangue de Cristo, por não estarem na última Ceia de Cristo, e que essa pertence aos sacerdotes, porque eles estavam lá, deve-se seguir necessariamente que todo Sacramento pertence só aos sacerdotes, e que nem um nem outro tipo de Sacramento devem ser dados aos leigos. Porque os sacerdotes fazem mal, e sem nenhuma autoridade dão coisas aos leigos que Cristo deu apenas para eles."

Essa é uma declaração detestável. A doutrina do Evangelho e dos Apóstolos é muito melhor e mais plena de conforto, que ensina que Cristo, nosso Senhor, em sua última ceia falou da redenção de toda a humanidade, a qual Ele viria obter pelo seu corpo dado na cruz, e pelo derramamento de seu sangue. E, portanto, Ele de forma mais clara e evidente, diz: "Este é o meu corpo que é dado por vós. Este é o meu sangue que é derramado por vós e para a remissão dos pecados de muitos." Portanto, uma vez que o corpo e o sangue de Cristo são a única salvação, comida e bebida de todos os fiéis, sejam eles sacerdotes, ministros da Igreja, mulheres, homens, leigos, ou qualquer que seja o nome ou a condição: então segue-se que a Ceia do Senhor, tanto o cálice quanto o pão, é livre para todos os homens. Mas se os Sacramentos não pertencem a eles, então eles não tem parte do corpo e do sangue de Cristo. H. Bullinger, Questions of Religion cast abroad in Helvetia by the Aduersaries of the same: and aunswered by M. H. Bullinger of Zvrick: reduced into. 17. Common places, trans., by Iohn Coxe (Imprinted at London, by Henrie Bynnerman, for George Byshop, 1572), 98-99.


Humanidade Redimida


1) Os profetas disseram como a terra de Canaã seria entregue. Profetizaram que o povo de Israel  seria lançado na terra da Babilônia e eles foram lançados lá. Depois profetizaram novamente que seriam libertados, e que eles consertariam a cidade, para a qual Cristo viria, o qual redimiria a humanidade, e chamaria todas as nações até a comunhão de vida e bem-aventurança e eles foram libertados, repararam sua cidade, Cristo veio e redimiu a humanidade, e o Evangelho foi pregado em todo o mundo. Henry Bullinger, A Hvndred Sermons Vpon the Apocalipse of Iesu Christ. (London: Printed by Iohn Daye, Dwellyng ouer Aldersgate, 1573), 307.


Redentor do Mundo


Após a Criação nos artigos da nossa fé, nós confessamos nossa redenção. Porque, tendo em vista que o homem , no início, foi criado por Deus justo e bom, e por meio de sua própria culpa, tornou-se preso à escravidão do pecado, à morte e à condenação, de modo que agora (mesmo nós que nascemos e somos concebidos em pecado), ele tinha necessidade de um libertador, o qual Deus, por seu propósito especial decretou e designou Jesus Cristo, para ser o libertador de todo o mundo. Ele que foi prometido aos nossos antepassados pelos Patriarcas e Profetas, e foi dado a nós. Reconhecemos, portanto, e confessamos, o nosso libertador com estas palavras: "Eu creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor", .

Ou seja, nós não só reconhecemos que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Senhor, o Messias, Libertador e Redentor do mundo...Cremos que Deus o tem demonstrado e entregue em função de suas promessas, e reconhecemos nenhum outro por Salvador, além dele, e cremos firmemente que Deus, por causa do seu tenro Filho, é amoroso e misericordioso para conosco, e que Ele não nos imputará os nossos pecados,até a condenação eterna, mas nos dará a vida eterna. Henry Bullinger, Common Places of Christian Religion, (Imprinted at London by Tho. East, and H. Middleton, for George Byshop, 1572), 124-125.


Cristo Dado para a Redenção de Todos os Homens


1) Pelo qual os fiéis recebem esse conforto, porque mesmo estando nosso Senhor Jesus Cristo agora à direita de Deus no céu, não é menos gentil, disposto, pronto e capaz de ajudar todos aqueles que põem sua confiança Nele. E, portanto, em todas as suas necessidades eles se contentam com a intercessão e a mediação de Cristo. E principalmente porque diz na Primeira Epístola a Timóteo, e no segundo capítulo "Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e o homem, o homem Jesus Cristo que se entregou para a redenção de todos os homens." H. Bullinger, Questions of Religion cast abroad in Helvetia by the Aduersaries of the same: and aunswered by M. H. Bullinger of Zvrick: reduced into. 17. Common places, trans., by Iohn Coxe (Imprinted at London, by Henrie Bynnerman, for George Byshop, 1572), 61.


Cristo Morreu por Todos


1) Aqui teve o justo Deus ocasião e direito de expulsar o homem, destruí-lo, condená-lo, e entregá-lo totalmente ao diabo: E isso também é exigido pela sua justiça e verdade. Porque Ele havia dito: "No dia em que comerdes do fruto, tu morrerás a morte." De forma contrária, a bondade e a misericórdia de Deus requerem , para não subjugar totalmente o homem, uma pobre criatura nua. ...encontrado uma maneira, segundo a qual a justiça e a verdade de Deus deve ser satisfeita, e na qual a misericórdia de Deus seria especialmente exercida e declarada: isto é, Jesus Cristo, que nos foi dado pela manifesta graça de Deus, foi oferecido por nossos pecados, satisfez e recompensou a justiça de Deus, e assim nos livrou dos laços do Diabo. Porque Ele morreu por todos nós, na medida que Deus disse: "No dia em que comerdes, tu morrerás a morte." Portanto, Cristo morreu por todos nós, para que através de sua morte, pudesses viver, e ser retirados do reino das trevas, e transportados para o reino do Filho amado de Deus. [Henry Bullinger], Looke from Adam, And behold The Protestants Faith and Religion (London: Printed by Iohn Haviland, for Thomas Pavier, and are to be sold at his shop in Ivie Lane, 1624), 8-9.    [Worldcat entry: A translation of: Bullinger, Heinrich. Antiquissima fides et vera religio. Translated by Miles Coverdale, whose name appears on leaf A2. The first leaf is blank. Previous English editions entitled: The olde fayth…]

2) Também eles declaram desse modo, que Ele redimiu: a saber, homens de todas as tribos, etc. No que ele repete copiando Daniel no capítulo 7 e significa uma universalidade, porque o Senhor morreu por todos, mas nem todos são feitos participantes dessa redenção, e isso por sua própria culpa. Porque o Senhor não exclui nenhum homem, mas apenas aquele que por sua própria incredulidade e crença errônea exclui a si mesmo. Henry Bullinger, A Hvndred Sermons Vpon the Apocalipse of Iesu Christ. (London: Printed by Iohn Daye, Dwellyng ouer Aldersgate, 1573), 79-80.


Deus Reconciliado com o Mundo


1) Então o Pai Celestial ...depois que os céus abriram e o Espírito Santo estava iluminando sobre a cabeça de Cristo na semelhança visível de uma pomba celestial, como se estivesse apontando o dedo em direção a Cristo, e também adicionando a isso a mais clara voz, disse: “Este é o meu Filho muito amado, sim, e tão profundamente amado, que por causa Dele apenas, Eu estou agora completamente satisfeito e reconciliado com o mundo, cujos pecados me ofenderam muito gravemente.” Henrie Bullinger, The Summe of the Foure Euangelists, (London: William Ponsonby at the sign of the Bishops head, 1582), Matthew 3:16-17. [Spelling modernied.]

2) Também é necessário que todos os cristãos saibam, como devem se comportar em relação aos Ministros, e o que devem pensar deles. Principalmente em relação a sua função ou chamado, e não em relação as suas pessoas, Cristo que trabalha por eles é que deve ser considerado. Por isso devemos receber seus sermões (se eles pregarem a Palavra de forma pura) como a doutrina de Cristo. Pois Cristo diz em expressas palavras no Evangelho: “Aquele que te ouve, ouve a mim. Aquele que te despreza, despreza a mim”. Portanto, não devemos esperar que Cristo desça do céu novamente, e fale para nós, onde Ele fala diariamente em sua igreja pelos seus ministros que pregam a palavra de Cristo. Porque Paulo diz que Deus em Cristo reconciliou o mundo consigo, e pôs em nós a palavra da reconciliação. Portanto somos embaixadores no nome de Cristo, como se Deus suplicasse a vocês por nosso intermédio. Por isso nós suplicamos a vocês em lugar de Cristo, que vos reconciliou a Deus. 2 Coríntios 5. Henry Bullinger, Common Places of Christian Religion, (Imprinted at London by Tho. East, and H. Middleton, for George Byshop, 1572), 149-150.

Fonte:  http://calvinandcalvinism.com/?p=63
Tradutor:  Emerson Campos Pinheiro.